Introdução alimentar do bebê de 6 meses

 

Introdução Alimentar do Bebê de 6 meses

Chega o sexto mês do bebê e um marco importante acontece: seu bebêzinho, que só mamava, conhecerá outros alimentos e novas texturas.

Dúvidas surgem nessa fase e comigo não foi diferente.

Em época digital, é possível extrair vários métodos sobre alimentação infantil, tais como: tradicional, BLW ou BLISS  – serão explicados oportunamente, como, por exemplo, se pode ou não usar sal, comer ovo ou carne de porco/frutos do mar, e etc, sem deixar de citar que todos que nos rodeiam tem alguma opinião ou técnica que nem sempre se aplica ao seu bebê.

Minha experiência com as “papinhas de bebê” começou com a chegada da minha sobrinha Gabriela, hoje com 13 anos de idade. De outro lado, pouco pude ajudar na introdução alimentar do meu segundo sobrinho, Henrique – pois na época do seu nascimento eu morava noutro Estado.

Com o nascimento da Catarina, minha filha, e mais um sobrinho a caminho (Daniel), percebi que era o momento de estudar a temática com mais profundidade.

A introdução alimentar é uma janela de aprendizado que emite reflexos para toda a vida e, se bem aproveitada, evita uma indesejada reeducação alimentar no futuro.

Neste artigo, que será constantemente atualizado, você terá acesso a informações preciosas sobre a introdução alimentar do bebê, formulado de acordo com o Guia Alimentar para Crianças Menores de 2 anos – documento expedido pelo Ministério da Saúde e diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Cozinhar para seu filho se tornará tarefa fácil se você aprender o que pode e o que não pode, o que é bom evitar (ainda que por um período), conhecer as texturas e o ponto do cozimento.

É a explicação dos porquês que importa inicialmente.

Após o seu aprendizado teórico e técnico você se sentirá segura para avaliar, sozinha e com tranquilidade, se uma receita é ou não apropriada para seu bebê. Terá condições, também de criar sua própria receita 😉.

 

Os sinais de maturidade para introdução alimentar complementar

Por volta dos 6 (seis) meses de idade que os bebês demonstram sinais de maturidade para iniciar a ingestão de alimentos sólidos, quais sejam, sentar-se com o mínimo de apoio e sustentação do tronco, mas a efetiva alimentação complementar deverá respeitar a autorização do médico pediatra que acompanha o desenvolvimento do bebê.

Diz-se complementar, pois, nessa fase, o leite continua sendo o alimento principal. Se for materno, deve seguir em livre demanda (vale até mamar antes das refeições); se por fórmula, há de respeitar o intervalo de aproximadamente 2 (duas) horas, a fim de evitar a absorção do ferro pelo leite.

Nesse sentido, explica a nutricionista Dra. Rachel Francischi:

E o leite na hora da comida não interfere na absorção dos nutrientes? De fato, o cálcio presente no leite e derivados interfere na absorção de alguns nutrientes presentes nos grãos e vegetais, como o ferro. Mas isso vale apenas para o leite de vaca e derivados, não vale para o leite humano. A natureza é sábia!

Pode dar de mamar no peito antes, durante e depois da refeição que a nutrição do bebê vai muito bem, obrigado!

Apenas para aqueles bebês que tomam leite artificial, aí sim recomendo que esperemos de 1 a 2 horas após a refeição principal (almoço e jantar, que são as refeições que contém ferro) para oferecer o leite artificial (fonte: http://www.rachelnutricionista.com.br/dar-de-mamar-antes-ou-depois-da-refeicao/

O ferro é nutriente que atua na formação de células vermelhas do sangue e tem a função de transportar oxigênio para o corpo. Está presente, por exemplo, nas carnes, nas gemas dos ovos e nos feijões.

 

A mastigação na introdução alimentar complementar

É comum as mães sentirem insegurança acerca da capacidade de mastigação do bebê que até então só mamava. É uma dúvida razoável.

Para a nossa surpresa, um bebê de 6 (seis) meses está pronto para mastigar. Embora a maioria não tenha dentinhos, a sua gengivinha já é dura o suficiente para amassar pedacinhos macios.

Sobre mastigação, a odontopediatra Dra. Milene Brito, CRO/SP n. 85.646 explica que:

“Os bebês de 6 (seis) meses já têm capacidade neuropsicomotora adequada para mastigação, que deve ser estimulada para fortalecer a musculatura orofacial. Há estudos, inclusive, de que bebês que passaram dos 10 (dez) meses sem mastigar podem apresentar dificuldade com comidas não pastosas”

Ou seja, com o avanço dos estudos, podemos afirmar que oferecer apenas pastas para os bebês além de inapropriado é prejudicial.

 

Como começamos efetivamente a introdução alimentar complementar?

De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, um bebê de 6 (seis) meses está pronto para comer comida espessa, por exemplo, feijão, legumes e até fiapos de carne. Tudo muito cozido e amassado com um garfo.

Nesse sentido:

Comida da criança com consistência adequada

No início, a criança deverá receber a comida amassada com garfo. Em seguida, deve-se evoluir para alimentos picados em pedaços pequenos, raspados ou desfiados, para que a criança aprenda a mastigá-los. Também podem ser oferecidos alimentos macios em pedaços grandes, para que ela pegue com a mão e leve à boca. Quando já estiver um pouco maior, a criança pode comer a comida da família, cortando-se os pedaços grandes, quando necessário.

Não ofereça preparações líquidas e nem use liquidificador, mixer ou peneira. Se a criança continuar com a consistência líquida, terá dificuldade em aceitar alimentos mais sólidos no futuro, podendo apresentar engasgo e ânsia de vômito. Alimentos líquidos como sopas, sucos e caldos, por conterem mais água, fornecem menos energia e nutrientes que a criança precisa. A consistência adequada é aquela que não escorre da colher, que é firme, que dá trabalho para mastigar, ajudando no desenvolvimento da fase e dos ossos da cabeça, colaborando para a respiração adequada e o aprendizado da mastigação (p.100 do Guia Alimentar do MS)

No mesmo sentido segue a Sociedade Brasileira de Pediatria:

Orienta-se que, desde a primeira papa, a refeição deve conter cereais ou tubérculos, proteína vegetal ou leguminosas (feijão, soja, lentilha, grão de bico), proteína animal (todos os tipos de carnes, vísceras e ovos), hortaliças (verduras de folhas e legumes) – (p. 4)

É fato, contudo, que a teoria nem sempre se encaixa à prática. É por isso que acredito ser relevante dividir com vocês como foi a minha experiência na introdução alimentar da Catarina.

 

A introdução alimentar da Catarina

O primeiro alimento sólido experimentado foi o morango. Ela estava no colo da minha irmã e decidiu, por ela mesma, puxar a mão da tia e levar o morango até a boca para raspar a fruta na gengivinha dura.

Ela nos mostrou que estava pronta para a introdução alimentar complementar.

Particularmente, eu jamais iniciaria com morango em razão da acidez, mas para minha surpresa ela comeu, gostou e até hoje é uma das suas frutas favoritas.

Seguimos com frutas macias e amassadas com garfo por mais alguns dias. Ela comia apenas uma ponta de colher e com um pouco de dificuldade – a língua que até então só conhecia o movimento de mamar precisava de tempo para se acostumar com a colher.

A primeira comida que preparei (por volta de uma semana após a degustação do morango) foi uma sopinha de carne com legumes doces (mandioquinha e abóbora), sem adição de sal. Desfiei a carne minusculamente e amassei os vegetais com o garfo.

Da sopa, progredi para os purês de legumes com molho de carne moída 2 (duas) vezes.

Foi por volta dos 8 (oito) meses que preparei a clássica composição de arroz, feijão, carne e legumes. Naquela oportunidade optei por arroz oriental (aquele que se faz sushi), por ser mais macio.

 

A preparação do arroz oriental é simples.

Basta lavar uma medida (para retirar o excesso de amido) e levar para cozinhar, em fogo baixo, com 3 (três) medidas

de água fria até amolecer. Ele naturalmente fica empapado, como deve ser o arroz para os bebês.

 

A propósito, há aqui no blog um artigo com orientações sobre o modo de preparo de diversas qualidades de arroz para a introdução alimentar, inclusive o integral.

Hoje reconheço que a progressão que estabeleci (primeiro as frutas, depois as sopas e só então as comidas espessas) pode ter sido excessivamente cautelosa – à época eu tinha menos conhecimento que hoje.

O importante é que você saiba que essa evolução que segui é, na verdade, apenas um costume.

Aqui, neste artigo, você aprenderá quais alimentos são proibidos para os bebês menores de 1 (um) ano, a fim de evitar comidas inapropriadas, e escolher os novos alimentos que complementarão a nova fase dos bebês.

Seja qual for o alimento inaugural, escolha com carinho, filme este momento ou anote num diário – trata-se de um dia importante na vida do bebê que merece ser comemorado e registrado.

 

Número de refeições na introdução alimentar complementar:

De modo geral os pediatras e nutricionistas recomendam que a nova rotina alimentar do bebê comece com café da manhã, almoço e lanche da tarde.

O jantar geralmente é liberado aos 7 (sete) meses. Isso porque a introdução aos alimentos sólidos tende a beneficiar a formação de gases, o que compreensivelmente perturbará a qualidade do sono. Assim, é prudente aguardar tempo mínimo para que o organismo do bebê se acostume com a nova rotina antes de iniciar as refeições da noite.

Regra importante: Nunca apresente um novo alimento ao bebê durante o período noturno.

É preferível introduzir um alimento novo no período da manhã, pois permite que você tenha o dia todo para observar eventual reação alérgica e ter mais facilidade na busca de ajuda médica.

Não há prejuízo oferecer no jantar o mesmo alimento servido no almoço, se esse é o hábito da família. Para evitar a completa repetição do cardápio pode variar a fruta da sobremesa. Nesse caso, a sobra do almoço deve ser armazenada na geladeira em recipiente fechado com tampa ou plástico filme. O reaquecimento pode ser no micro-ondas, com os cuidados que veremos mais à frente.

 

Comida é tudo igual?

Você pode perguntar: existe diferença entre a banana que comprei na feira e o potinho de papinha de banana comprado no supermercado? A resposta é: sim, há.

Embora a embalagem traga anotações como: “100% da fruta”, “100% saudável”, “feito com fruta orgânica”, “sem conservantes”, quase toda comida pronta em potes, sacos ou caixas foram manipulados de alguma forma, mesmo que apenas com aromatizante adicional.

Existe uma classificação alimentar (presente no Guia Alimentar na data em que escrevo esse post) que explica muito bem o que é comida natural e o que não é. Vejamos:

  1. Comida Natural: é, por exemplo, o leite que sai da vaca e a folhinha de orégano que se colhe do vasinho;
  2. Ingrediente Culinário: aquilo que usamos para preparar a comida natural como o sal, açúcar, óleo, vinagre, e etc. Admite-se o uso com moderação.
  3.  Comida minimamente processada:  é, por exemplo, o saquinho de leite que se compra no supermercado e o orégano desidratado, porque não é todo mundo que pode ter uma vaca no quintal de casa ou queira um vasinho na sua sacada – embora este último seja recomendado.
  4. Comida processada: é a comida natural preservada por algum método, por exemplo, carnes secas e enlatados – milho, ervilha, atum, sardinha e extrato de tomate. A recomendação de consumo desses alimentos deve ser ocasional e em pequenas quantidades.
  5. Comida ultraprocessada: é, por exemplo, a caixinha de achocolotado, os caldos em pó ou de tabletinhos, a lasanha congelada, carnes embutidas (como a salsicha, por exemplo), sucos industrializados, e etc. Nesses alimentos, a lista de ingredientes contidos na embalagem trarão nomes difíceis de serem entendidos pela maioria dos pais e cuidadores. São alguns deles: bicarbonato de amônio, fosfato monocálcio, emulsificante, dentre outros. São produtos que têm cor e sabor de alimento natural, mas não contém nenhum nutriente – são, em verdade, fórmula química. .

O grau de processamento dos alimentos fica fácil de ser entendido se usarmos uma fruta como exemplo.

Pense num pêssego na feira – lá é um alimento in natura. O mesmo adicionado de açúcar na fábrica e armazenado numa lata é alimento processado – ou seja, é produto in natura preservado por algum método. O suco em pó sabor pêssego (de pacotinho) tem cor, cheiro e sabor da fruta, mas não há nutriente – esse é o produto ultraprocessado.

A comida pronta industrializada, inclusive a destinada aos bebês, contém aditivos cosméticos para proporcionar textura, cor e sabor que faz com que o consumidor acredite que está comendo comida de verdade. Porém, são fórmulas sintéticas produzidas em laboratório e com alto poder viciante e prejudicial à saúde.

Ademais, é importante que você saiba que as indústrias retiram a maioria dos nutrientes do alimento natural e depois os repõe de forma artificial. Isso acontece porque os micro-organismos (como bolores, por exemplo) são menos atraídos por alimentos pobre em nutrientes naturais. Assim, os fabricantes retiram as vitaminas e os minerais do alimento e depois os repõe de forma sintética, acrescido de uma série de outras substâncias para realçar sabor, cor e textura.

 

Atualização sobre o assunto:

No mês de Setembro de 2020 o site O Globo, publicou notícia de que a atual Ministra da Agricultura pretende retirar os dados dos alimentos ultraprocessado do Guia Alimentar da População Brasileira.

Afirma a notícia que: “a classificação de alimentos do guia pelo nível de processamento é confusa e incoerente e que se caracteriza em evidente ataque sem justificativa à industrialização”.

De acordo com o que tenho estudado sobre o assunto até aqui, posso afirmar com tranquilidade que o nosso atual Guia de Alimentação está longe de ser confuso e incoerente. Pelo contrário, é um dos mais amplos incentivadores da alimentação saudável do mundo.

O que ocorre em verdade é o dinheiro manipulando as regras para estabelecer o ganho das indústrias interessadas no assunto, pois, para a indústria alimentícia, pessoas cozinhando em casa é um obstáculo para a venda de seus produtos e como aconteceu com o cigarro, quando essas empresas foram banidas dos países mais desenvolvidos, elas migraram para os países em desenvolvimento.

O que você precisa saber é simples: Comida é aquilo que é natural e tem vida.

 

Classificação dos Grupos Alimentares:

Seguindo a regra de que comida é aquilo que é natural e tem vida, a natureza no oferece uma farta variedade de alimentos, que devem compor o prato do bebê. São eles:

 

  • Leguminosas: todos os tipos de feijões, lentilha, grão-de-bico e ervilha;
  • Cereais: arroz, batata, inhame, cará, aveia, mandioca, mandioquinha (batata baroa), milho e macarrão (cereal refinado);
  • Carnes: frango, boi, peixe, frutos do mar, porco e ovos (compõe o grupo das carnes segundo o Ministério da saúde);
  • Legumes/verduras: todos os tipos de legumes e verduras cozidas.

É importante compor o prato do bebê com todos os grupos alimentares (um alimento de cada grupo) para que a memória visual de alimentação equilibrada seja formada.

Mas ATENÇÃO: alguns alimentos, mesmo naturais, não podem ser oferecidos a crianças menores de 1 (um) ano, pois dos 6 (seis) aos 12 (doze) meses o sistema imunológico do bebê ainda é imaturo. Veremos esses alimentos mais à frente.

 

As porções do prato do bebê na Introdução Alimentar Complementar:

As porções iniciais são pequenas, cerca de 1 (uma) colher de sobremesa de um alimento de cada grupo. À medida que a criança cresce e queira um pouco mais, a quantidade deve ser aumentada de forma gradual.

 

A textura da comida na Introdução Alimentar Complementar:

A textura ideal para o bebê iniciar a alimentação complementar é bem visualizada por uma banana amassada. Observe a foto a seguir:

textura da comida do bebê

Você percebe os pedacinhos da fruta entre os dentes do talher? Essa é a textura ideal para começar a nova fase.

Os primeiros alimentos devem ser cozidos e amassados com garfo. Se for carne, aconselho que o processo de desfiar seja feito numa tábua de carne, pois a textura lisa do prato tende a manter as fibras grandes para o bebê. Pode-se utilizar a carne moída para a preparação das primeiras refeições –  solicite ao açougueiro a moagem da carne por 2 (duas) ou 3 (três) vezes.

 

Passado o primeiro mês de introdução alimentar (por volta dos 7 meses) pode-se amassar a comida um pouco menos. Aos 8 (oito) ou 9 (nove) meses já é possível oferecer, por exemplo, grãos de arroz e feijão inteiros (desde que bem macios) e por volta dos 12 meses o bebê estará pronto para comer uma refeição muito próxima da textura do prato dos seus pais.

Os bebês, e muitas crianças, tendem não apreciar comidas secas. Por isso, é interessante que as carnes sejam preparadas com molhos – que pode depois ser usado para umedecer o arroz, por exemplo.

O caldo de feijão também proporciona umidade confortável nas refeições dos pequenininhos.

 

A Introdução Alimentar Complementar e a Regulação da Saciedade:

É na introdução alimentar que nosso organismo aprende a regular a saciedade. A sensação de fome, associada com o desejo por mais comida é um comando neural estimulado pelo campo do cérebro chamado hipotálamo.

Quando pais e cuidadores exigem que a criança “raspe o prato”, acaba por interferir na regulação da saciedade – um dos motivos que levam a perda momentânea do prazer na alimentação ou ao ganho elevado de peso ao longo da vida.

A sensação de saciedade tem múltiplos fatores, como as caraterísticas químicas dos alimentos (valor nutricional) e as características sensoriais como o sabor, o cheiro e a aparência da comida.

Exigir que a criança coma além do que deseja, ou oferecer alimentos pobres em nutrientes e ricos em calorias (comida ultraprocessada e o açúcar), tem impacto direto na regulação da saciedade.

É preciso que os pais tenham consciência que a introdução alimentar é fase de aprendizado. Iniciar do jeito correto evita uma difícil reeducação alimentar no futuro.

E iniciar do jeito correto exige conhecimento.

De modo geral, a história mostra que nossos antepassados comiam de maneira correta. Mas com a industrialização e a iniciação das mulheres nos trabalhos fora do lar a comida ultraprocessada passou a ser alternativa para as famílias que não tinham mais tempo para cozinhar.

Foi de modo gradual, mas acelerado, que a noção de comida boa se distorceu e o resultado é visível para qualquer um – aumento dos casos de obesidade (inclusive infantil), hipertensão, diabete, e etc.

Ademais, pessoas da minha geração comumente têm avós que criaram seus filhos com escassez. Estes (os filhos de nossos avós) quando constituíram suas famílias e conseguiram progredir um pouco ofereceu aos seus filhos (nós) aquilo que lhe foi escasso – geladeira cheia.

E com o progresso financeiro dos nossos pais veio a facilidade da comida pronta sob o falso rótulo de alimentação saudável – a geladeira precisou de mais espaço para elas.

Não demorou muito para que o refrigerante, consumido inicialmente apenas nos finais de semana, tornasse bebida de consumo diário – consequência do alto poder viciante do açúcar.

Por isso, é preciso difusão de informações que gera conhecimento para que os conceitos sejam ressignificados.

 

Métodos Novos para Introdução Alimentar Complementar– BLW e BLISS

Alguns métodos para Introdução Alimentar Complementar ganharam fama nas redes sociais nos últimos anos.

BLW é sigla inglesa que significa desmame guiado pelo bebê. BLISS é sigla que vem da Nova Zelândia e significa introdução aos sólidos guiada pelo bebê.

Ambos os métodos defendem a ideia de oferecer ao bebê alimentos em pedaços para que ele coma sem a utilização de talheres e fortaleça, portanto, a sua autonomia.

Nos EUA, o BLW mostrou bons resultados e isso não é de se estranhar, porque em solo americano a qualidade da alimentação é tão precária que a Michele Obama, na época em que era Primeira Dama, tornou o tratamento da obesidade infantil uma prioridade nacional, com sugestões básicas como: faça sua refeição em um prato, sobre a mesa e não no ponto do ônibus.

Logo foi a oferta de palitos de alimentos naturais 🍌🍆🍅🥦🥕 em substituição à comida ultraprocessada 🥨🥓🍔🍟 (como miojo, lasanha congelada e etc) que trouxe benefício a saúde e não o método.

Particularmente, para nossa realidade brasileira, não vejo vantagens na adoção de um método importado se ele não pertencer à rotina da casa.

Explico:

Quando o bebê observa a família sentada ao redor da mesa para refeição, mais que nutrição está sendo aprendido naquele momento.

As refeições de uma família são marcadas não apenas pelo ato de comer, mas pelos ritos de tradição e cultura daquele lar. Por exemplo: se a família é judaica, haverá o Kashrut (exigências especificas a ser seguida no judaísmo); se a família é japonesa, outras regras hão de prevalecer, e etc.

Sendo assim, se todos na casa vão comer arroz e feijão no prato (PF), não há razão oferecer ao bebê o mesmo arroz e feijão no formato de bolinho.

As crianças tendem a imitar o comportamento dos pais, por isso merecem ser tratadas de maneira igualitária.

Por essas razões, salvo melhor entendimento ou reflexão mais apurada, não vislumbro vantagens na adoção de um método diferente da rotina estabelecida na casa da família que abriga o bebê porque o importa não é o forma mas o que se come.

 

Higienização dos alimentos para a Introdução Alimentar Complementar:

O cuidado com a higiene na preparação das refeições garante segurança alimentar.

A bióloga e doutora em fisiologia médica Jaqueline Lima Brito Kokol explica que:

Quando um alimento se torna veículo de micro-organismos indesejáveis, ele perde sua função primordial de ser fonte de nutrição para ser causador de enfermidades.

Para que um alimento seja considerado seguro para o consumo é necessária a adoção de boas práticas de higiene e controle de qualidade na manipulação, produção e armazenamento.

Deve-se considerar, ainda, o perfil de idade do indivíduo que consumirá o alimento (criança, jovem, adulto ou senil), porque as consequências da digestão diferem de um organismo para outro. É por isso que um alimento comprometido pode ser imperceptível para alguns e causar sérios distúrbios orgânicos em outros.

A ANVISA lista cuidados para a produção segura de alimentos. Dentre eles podemos citar:

  1. Manutenção da limpeza na superfície e nos utensílios que serão utilizados na preparação dos alimentos;
  2. Higienização constante das mãos, após qualquer interrupção (as mãos do bebê também precisam ser higienizadas antes das refeições);
  3. Proteção dos alimentos contra insetos e outros animais;
  4. Controle de qualidade da água (que deve ser potável e fervida);

E recomenda-se também:

  • Não manipular as carnes na mesma superfície que manipulados outros alimentos (tais como – legumes, verduras e frutas) em razão do risco de contaminação cruzada;
  • Não cantar, assobiar, tossir ou falar sobre os alimentos;
  • Não provar a comida com as mãos
  • Prender os cabelos e, de preferência, manter as unhas curtas.

As carnes não devem ser lavadas, pois o cozimento garantirá a desinfecção de bactérias. Ademais, a prática de lavar a carne contamina as superfícies (como a pia e a bancada) e favorece a contaminação cruzada com outros alimentos.

As frutas, verduras e legumes devem ser lavados em água corrente e deixados de molho por 15 (quinze) minutos em água com hipoclorito de sódio (1 colher de chá para cada litro de água). As frutas podem ser guardadas na geladeira já higienizadas.

 

 higiene na introdução alimentar complementarmorango higienizado para introdução alimentar

 

Congelamento

Alimento congelado é facilitador na vida de qualquer cuidador – até mesmo daqueles que podem dedicar-se exclusivamente aos cuidados da casa e da família.

Algumas preparações, como sopas e carnes ensopadas, por exemplo, podem ser congeladas depois de prontas. Neste caso, para evitar contaminação, aconselha-se que imediatamente após a preparação sejam separadas em porções e congeladas.

As leguminosas, em especial o feijão e o grão-de-bico, podem ser cozidas em grandes quantidades e congeladas em porções sem condimentos – quando descongeladas, refoga-se com os temperos e o sabor será de comida fresca. A prática garante praticidade e economia de gás/energia.

Os legumes e as carnes podem ser congelados após pré-cozimento no ponto all dente (durinho no centro). Uma vez descongelado e refogado com temperos, conclui-se o cozimento e alcança o ponto macio apropriado para o bebê.

Frutas e vegetais ricos em água, como alface, pepino, maçã, melancia, dentre outros, perdem a textura depois do congelamento.

 

Descongelamento:

O descongelamento deve ocorrer, preferencialmente, dentro da geladeira para evitar mudanças bruscas de temperatura e crescimento de micro-organismos.

Alimentos descongelados e reaquecidos não podem ser congelados novamente e eventuais sobras devem ser descartadas. Por esse motivo, aconselha-se que o congelamento se dê em porções apropriadas para que o desperdício seja evitado.

 

Micro-ondas:

O uso de micro-ondas é permitido, mas exige alguns cuidados:

  • Temperatura: Diferente do fogão ou do forno convencional, o alimento queimado no micro-ondas não tosta nem cheira queimado – a queima ocorre em nível molecular com oxidação da gordura. Além disso, o aquecimento pelo micro-ondas não ocorre de maneira uniforme, de modo que a comida de um lado do prato pode ficar mais quente ou mais fria que do outro. Por isso, para segurança do bebê, o ideal é aquecer a comida separadamente e misturá-la antes de testar a temperatura.
  • Utensílios: Recomenda-se o uso de vidros ou cerâmicas sem decoração, pois a tinta pode conter metais na sua composição.

Os plásticos devem ser livres de uma substância denominada BPA – composto sintético com efeitos nocivos à saúde. Assim, escolha recipientes “livre de BPA”.

 

Marmitinha:

Sair de casa com um bebê não é tão simples e preparar uma marmitinha requer cuidados especiais, isso porque a comida em temperatura ambiente é espaço propício para multiplicação de bactérias.

Saídas curtas são melhores amparadas por frutas – higienizadas e transportadas inteiras (sem cortar).

O ideal é evitar refeições fora de casa, mas se não houver alternativa invista em potes herméticos e bolsas térmicas resfriadas com gelo.

 

O QUE PODE E O QUE NÃO PODE

  • Alimentos inapropriados para Introdução Alimentar Complementar

1.1 Mel

O mel pode conter uma contaminação chamada Toxina do Botulismo. O botulismo é causa de uma doença grave chamada Neuroparalítica (conhecida como “doença do bebê azul”), que prejudica a musculatura respiratória. Os sintomas incluem dificuldades para engolir e falar.

O Guia Alimentar para crianças menores de 2 (dois) anos do Ministério da Saúde diz:

 “A criança menor de 1 ano é menos resistente a esta bactéria, podendo desenvolver essa grave doença, que causa paralisia de membros inferiores e interfere na respiração” (p.75).

1.2 Nozes e Castanhas

Nozes e castanhas podem estar contaminados por microrganismos. Ademais, a textura dura desses alimentos é inapropriada para os bebês.

Após completados 12 (doze) meses, pode-se oferecer na forma triturada. Se houver histórico familiar de alergias, o médico/nutricionista deve ser consultado.

1.3 Carnes Mal Passadas

Deve-se evitar carnes malpassadas, uma vez que o pouco cozimento pode preservar bactérias vivas. Nesse caso, o cuidado ultrapassa os primeiros 12 (doze) meses e a atenção alcança a todos os membros da família.

1.4 Mingau de Farinha Láctea

São preparados industriais composto por leite (cerca de 50%), açúcar e aditivos. As embalagens sugerem tratar de alimento saudável e é facilmente confundido com leite de vaca em pó ou fórmula infantil. Entretanto, é comida ultraprocessada sem vantagens nutricionais e com alto fator calórico e cariogênico (cárie), razão pela qual deve ser evitado.

1.5 Açúcar

Nenhum tipo de açúcar é admitido na alimentação da criança menor de 2 (dois) anos: branco, mascavo, cristal, demerara, xarope de milho, de coco, melado e rapadura. Tampouco são permitidos os alimentos preparados com eles, como geleias, bolos e doces.

O consumo precoce de açúcar colabora para o desenvolvimento de um leque de doenças, entre elas, cárie e obesidade. Além do mais, o seu excesso pode produzir uma espécie de dependência cerebral, de modo que para ele (o cérebro) produzir suas atividades exige-se doses cada vez mais elevadas.

É preciso reconhecer que o sabor açucarado é desnecessário para a criança. Isso porque o adocicado está presente na vida do bebê desde o nascimento – o leite é doce. Depois, na introdução alimentar, ele conhecerá as frutas, que também são doces. Logo, não há razão para adicionar mais açúcar nesse momento, afinal estamos na fase de desenvolvimento de paladar e há inúmeros outros sabores a serem descobertos.

Considere, ainda, que a introdução alimentar é momento precioso para formação de bons hábitos alimentares. Não vale a pena perder essa janela de aprendizado por afoiteza.

 

  1. Alimentos que embora não sejam proibidos são desaconselhados na Introdução Alimentar Complementar:

2.1 Leite de Vaca e Derivados

Receitas que tenham como ingredientes o leite de vaca, o queijo, a nata e o iogurte devem ser evitados no primeiro ano de vida do bebê, uma vez que são alimentos com forte potencial alérgico.

A proteína do leite de vaca é muito pesada e pode causar alguma intolerância no sistema digestivo do bebê. A presença de muco e sangue nas fezes, refluxo, excesso de gases e sinais de alergia no corpo da criança são alertas de possíveis reações à lactose.

Para as famílias que optarem, contudo, oferecer leite de vaca ao seu bebê, o Ministério da Saúde orienta modificá-lo se a criança for menor de 4 (quatro) meses. Nesse sentido:

Quando a criança não é amamentada, a primeira alternativa é oferecer a fórmula infantil, pois ela é um produto mais adequado ao organismo ainda imaturo da criança do que o leite de vaca integral.

No entanto, pesquisas mostram que o leite mais utilizado no Brasil por crianças menores de 1 ano é o leite de vaca integral, em pó ou líquido, também identificado como de “caixa” ou “de saquinho”, por conta das embalagens.

Caso a família opte pelo leite de vaca integral, precisa ser modificado em casa antes de ser oferecido para crianças com idade inferior a 4 meses de vida. Vamos chamar essa preparação de leite de vaca modificado em casa.

[…]

O leite de vaca não fornece para a criança todos os nutrientes de que ela precisa. As quantidades excessivas de proteínas, sódio, potássio e cloro do leite de vaca podem sobrecarregar os rins da criança nos primeiros meses de vida.

Em alguns casos o leite de vaca integral (líquido ou em pó) pode ser utilizado para crianças conforme diluição orientada pelo profissional de saúde.

O leite desnatado e o leite semidesnatado não são indicados para crianças menores de 2 anos, porque possuem menor quantidade de gordura e ela é importante para o desenvolvimento neurológico da criança.

A criança alimentada com leite de vaca modificado precisa receber suplementação de vitaminas e minerais, com orientação de profissionais de saúde. Após 4 meses, não é preciso mais diluir o leite de vaca integral líquido e o leite em pó pode ser preparado de acordo com o recomendado no rótulo. (p. 142 e 143).

A Sociedade Brasileia de Pediatria, por sua vez, salienta que, diante da impossibilidade do aleitamento materno, o uso do leite de vaca integral é inadequado para crianças menores de 1 (um) ano. Vejamos:

Ressalte-se que na impossibilidade do aleitamento natural no primeiro ano de vida, quando foi estimulada a relactaçao e não foi conseguida, há indicação de uso de fórmulas lácteas infantis, não sendo considerada adequada a introdução de leite de vaca não modificado, nessa faixa etária (p. 2)

Conclui-se, portanto, que se o aleitamento materno não é possível, o caminho mais seguro a seguir é procurar orientação do médico pediatra ou nutricionista.

A manteiga pode ser usada nos preparos culinários, desde com moderação. Margarina, por sua vez, é alimento ultraprocessado que deve ser evitado.

 

2.2 Café

É desaconselhado dado o seu poder estimulante. Do mesmo modo o chá preto, o chá mate e o chocolate.

 

2.3 Temperos Picantes

Pimentas, curry e páprica picante – proibição não há, mas o bom senso recomenda deixar a picância para outro momento.

Se a pimenta não contiver ardor (por exemplo: pimenta rosa ou pimenta biquinho) e somar sabor ao prato, pode ser utilizada.

 

2.4 Sucos e Água de Coco

Não há proibição, mas não são aconselháveis. Isso porque estamos diante de uma janela de aprendizado que firmará hábitos futuros que tendem ser eternos.

Se o bebê, na introdução alimentar, adquire o hábito de beber líquidos com sabores, tende a ser um adulto com dificuldade de beber água pura. E adultos que têm dificuldade na ingestão de água pura vira caso médico mais cedo ou mais tarde.

Outro ponto importante sobre o desestímulo ao consumo de sucos e água de coco na introdução alimentar é porque nessa fase o organismo humano aprende a autorregulação da saciedade e da fome. Como a água de coco e os sucos são ricos em açúcares, eles interferem na autorregulação.

O consumo da fruta in natura, por sua vez, é irrestrito. Não existe fruta proibida (até limão pode).

A atenção entre frutas e bebês é o caroço, que deve ser descartado pelos riscos de engasgos e recomenda-se, ainda, que as frutas pequenas e redondas, como a uva, sejam cortadas em quatro partes – evita bloqueio da passagem de ar se inalada.

As frutas ricas em vitamina C, como a laranja, o limão, o abacaxi, o morango, a goiaba, o mamão, a acerola e a melancia são fortemente recomendadas como sobremesa. É cientificamente comprovado que a vitamina C colabora na melhor absorção do ferro – mineral contido nas carnes e nos feijões, por exemplo.

 

2.5 Verduras Cruas

bebê pode comer salada?

Todo bebê pode e deve comer folhagens, porém, cozidas. Couve e espinafre são exemplos clássicos nas preparações culinárias.

Folhas que são consumidas cruas como alface, rúcula, agrião, e etc, não são apropriadas para os bebês pelo alto risco de engasgo. Após a criança dar sinais de que tem maior domínio da mastigação, devem-se introduzir as folhagens cruas bem picadinhas e progredir aos poucos no tamanho dos pedacinhos.

 

  1. Alimentos Polêmicos na Introdução Alimentar Complementar:

3.1 Frutos do Mar e Carne de Porco

Pela normatização do Ministério da Saúde são permitidas a partir dos 6 (seis) meses. Importante dizer, neste ponto, que na eventualidade de histórico familiar com alergias a esses alimentos vale a pena conversar com o médico pediatra/nutricionista previamente.

 

3.2 Ovos

Não só pode como deve. É um alimento riquíssimo em valor nutricional, entra na categoria das carnes e deve ser consumido pelo menos três vezes na semana (tanto a clara quanto a gema – devidamente cozidos).

Os ovos não devem ser lavados antes de serem colocados na geladeira. Se estiverem muito sujos, retire o excesso de sujeira com um pano limpo. Lave a casca apenas quando for quebrar o ovo para usá-lo.

Sobre carnes e ovos, diz o Ministério da Saúde:

Grupo das carnes e ovos

Este grupo inclui carnes bovina, de suíno (porco), cabrito, cordeiro, búfalo, aves, coelho, pescados, frutos do mar, ovos de galinha e de outras aves. Também inclui vísceras ou miúdo de animais (fígado bovino e de aves, estômago ou bucho, tripa, moela de frango) e outras partes internas de animais. Esses alimentos contêm proteínas, também muita vitamina A. Todos esses nutrientes são muito importante para o crescimento e desenvolvimento da criança.

Todos os alimentos desse grupo podem ser oferecidos às crianças, devendo-se variar, sempre que possível. Durante muito tempo foi recomendado evitar carne de porco, peixe e clara de ovo na alimentação no primeiro ano de vida. O entanto, hoje já se sabe que eles não fazem mal à criança e que são boas fontes de nutrientes. Por isso, atualmente é liberada a oferta desses alimentos para crianças a partir de 6 meses.

Carnes e ovos podem ser preparados de diversas formas, tendo-se o cuidado de estarem bem cozidos, nunca malpassados ou crus (Guia alimentar do Ministério da Saúde p. 86).

 

3.3 Especiarias

Especiarias como canela, cominho, açafrão, noz-moscada, páprica doce/defumada e etc, não só podem como devem compor a introdução alimentar do seu bebê.

A diversificação dos sabores é altamente recomendada nessa fase.

 

3.4 Sal

Existe atualmente caloroso debate sobre o uso x abstenção absoluta do sal na introdução alimentar.

O Ministério da Saúde permite se o consumo diário não exceder a 2 (duas) gramas ao dia (equivalente a 1/3 de colher de chá). A Sociedade Brasileira de Pediatria, por usa vez, proíbe.

Orienta o Guia Alimentar do o Ministério da Saúde que:

A criança pode e deve, desde o início, ser alimentada com a comida da família, que deve ser preparada com óleo vegetal em pequena quantidade, temperos naturais e com uma quantidade mínima de sal (p. 103)

A Sociedade Brasileira de Pediatria por sua vez diz:

Após leitura minuciosa do novo Guia de Alimentação do Ministério da Saúde, lançado em novembro de 2019, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) traz algumas reflexões que considera indispensáveis sobre esse trabalho. Entende-se que o texto, apesar de cuidadosamente elaborado, necessita de alguns ajustes para atingir seu objetivo.

[…]

O sal, além de aumentar o risco de hipertensão arterial no futuro, modula a percepção das papilas gustativas e, com isso, as crianças desenvolvem preferências alimentares por alimentos ricos nesse produto (p. 1 e 5)

Sob o olhar culinário, o sal é ingrediente que, quando usado com moderação, cumpre seu papel de unir os sabores.

Particularmente, por considerar que a alimentação não pode ser vista apenas como fonte nutricional, pois há mais que mero sustento num prato de comida – como cultura, histórico família e, acima de tudo, prazer, entendo que o uso moderado melhor atende aos propósitos da introdução alimentar. Por essas razões adoto, com tranquilidade, as orientações do Ministério da Saúde.

De todo modo, aconselha-se que o assunto seja debatido com o médico que acompanha o desenvolvimento do bebê para que os pais/cuidadores adotem posição que melhor atenda às necessidades da criança.

 

Vegetarianismo e Veganismo na Introdução Alimentar Complementar

Vegetariano é regime alimentar que exclui os alimentos do grupo das carnes. Vegano não utiliza nenhum produto de origem animal, tais como leite e derivados lácteos, mel ou qualquer outro produto de origem animal.

O assunto gera controvérsia entre especialistas.

De um lado há os que defendem que a restrição alimentar dos adeptos à filosofia do vegetarianismo e do veganismo torna a fonte nutricional das refeições empobrecidas o que demandaria suplementação artificial dos nutrientes contido nas carnes e frequentes análises de dosagens sanguíneas.

De outro lado, os adeptos do vegetarianismo e veganismo afirmam que os cuidados alimentares e adequações nutricionais devem ser preconizados em qualquer tipo de dieta porque inadequações de quantidade e qualidade alimentar geram problemas nas crianças que comem carne e nas que não comem.

A preocupação gira em torno da adequada ingestão de proteínas pela criança.

Os alimentos ricos em proteína são de extrema importância para as crianças em fase de crescimento, pois além de outras funções é ele o responsável pelo desenvolvimento muscular.

A proteína é formada por moléculas de aminoácidos. Sem tornar o assunto entediante e técnico demais, pode-se dizer que existem 2 tipos de aminoácidos: aqueles que nosso corpo consegue produzir sozinho (que são chamados de orgânicos) e aqueles que advém dos alimentos que comemos (são chamados essenciais porque nosso corpo não consegue produzir).

São 9, os aminoácidos essenciais, a saber:

  • Arginina;
  • Fenilalanina;
  • Isoleucina;
  • Leucina;
  • Lisina;
  • Treonina;
  • Triptofano;
  • Histidina;
  • Valina.

A carne animal oferece todos os (9) aminoácidos essenciais, já os vegetais são incompletos.

É por essa razão que famílias que não consomem carnes precisam saber combinar as fontes, para que o aminoácido que falta num vegetal seja complementado por outro e a assim a ingestão de todos os aminoácidos essenciais seja garantido na refeição.

Parece ser uma tarefa difícil, mas você pode se surpreender com a notícia de que o arroz com o feijão consegue, juntos, suprir nossas necessidades de proteína porque o aminoácido que falta em um é complementado pelo outro e vice-versa. É por isso que dizemos que arroz com feijão faz o par perfeito.

(Se quiser ler mais sobre arroz e feijão, há post interessantes sobre eles aqui no blog.)

De todo modo, tanto o Ministério da Saúde quanto a Sociedade Brasileira de Pediatria aconselham monitoramento cuidadoso pelo médico pediatra ou nutricionista para que a demanda nutricional exigida na introdução alimentar complementar, e em todas as outras fases da vida, seja efetivamente alcançada.

 

Conclusão

Se você chegou até aqui, há fortes evidências que você é alguém que se preocupa com a nutrição do seu filho.

Minha experiência permite te deixar 2 conselhos: divirta-se e não desista.

As mudanças de fase na primeira infância, como introdução alimentar complementar, desfralde, desmame e etc, precisam de leveza e paciência. Cada criança tem seu ritmo próprio de desenvolvimento que merece respeito.

Munir-se de conhecimento gera em nós autoconfiança – e nos sentimos mais seguras quando sabemos o que estamos fazendo.

Cada etapa tem seu desafio.

Na fase da introdução alimentar é comum que o bebê rejeite um ou outro alimento; que coma uma mísera colherzinha e as vezes nem isso. E você não precisa sofrer por causa disso – como dito, é o leite a principal fonte nutricional do bebê durante toda essa fase.

O que ocorre é que alguns aceitarão a chegada de alimentos sólidos com mais facilidade – trata-se apenas de uma variação de humor ou personalidade frente àquilo que é novo.

Há de ponderar, ainda, o paladar. A criança pode simplesmente não gostar de determinado sabor, mas isso só poderá ser concluído depois de algum tempo. Há estudos que indicam que a criança precisa experimentar de 8 (oito) a 10 (dez) vezes um alimento antes de considerá-lo indesejado – logo, a adaptação demanda tempo.

O amor pela comida é um dos mais maravilhosos presente que você pode entregar ao seu bebê.

Há mais informações para você sobre a introdução alimentar complementar no Livro Introdução Alimentar Complementar com o Fogãozinho.

 

Muito obrigada por ler esse post, e até mais 😍

17 thoughts on “Introdução alimentar do bebê de 6 meses”

  1. Pingback: Panqueca de aveia, banana e canela - Fogãozinho

  2. Pingback: Patê de salsicha - Fogãozinho

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