O primeiro mês do bebê

PRIMEIRO MÊS DO BEBÊ

Minha história com a maternidade começou difícil – tive sequências de aborto espontâneo, complicações no útero, estado emocional cada vez mais caótico…

Costumo dizer que a gestação da Catarina durou 3 anos – período percorrido entre minha primeira gravidez e o dia do parto.

Essa gestação prolongada foi preenchida com leituras sobre bebês – eu lia qualquer conteúdo que encontrava sobre maternidade. Hoje, me sinto privilegiada por poder aplicar na prática o que aprendi na teoria.

Claro, nem tudo que se ensina na teoria se aplica na prática, mas de modo geral são informações que tem me mostrado resultados positivos. E se está funcionando para mim, então vale a pena compartilhar com os outros.

Cada palavra neste blog, relacionado a criação de filhos, tem como base a psicologia positiva.

A psicologia positiva é um movimento recente dentro da ciência psicológica

que visa a fazer com que os psicólogos contemporâneos adotem “uma visão mais aberta e

apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas”,

enfatizando mais a busca pela felicidade humana que o estudo das doenças mentais

Acredito que pelo meu histórico de depressão grave, consigo reconhecer o valor de um ambiente tranquilo e dos benefícios que ele traz para a vida.

Em oposição a uma vida conturbada pela ansiedade, culpa e medo, a leveza parece ser a chave para a felicidade que tanto desejamos.

 

Sou da geração de filhos criados sob cabresto curto – era o conselho dado aos pais que desejavam ter filhos honrados.

Mas o tempo parece mostrar para esses pais que a dureza na criação dos filhos não é o melhor dos caminhos. A prova disso aparece quando esses pais se tornam avós – momento em que eles vivem com os netos tudo que deixou de viver com os filhos.

Não precisamos esperar sermos avós para reconhecer que a vida de uma criança é um presente maravilhoso de Deus que pode e deve ser celebrada desde sempre.

Entre a criação punitiva e a permissiva há o caminho do meio – o caminho preconizado pelo bom senso que nos permitem, como pais, sermos firmes e gentis ao mesmo tempo.

A decisão por qual caminho adotar depende exclusivamente de uma decisão dos pais e eu admito – tentarei te influenciar a seguir o caminho do meio.

O PRIMEIRO MÊS DO BEBÊ

Dizem que o primeiro mês do bebê é o mais difícil.

Se você é mãe/ pai de primeira viagem saiba que tudo o que dizem acerca da alegria e do amor infinito pelo filho é sim verdadeiro, mas não acontece tudo no mesmo dia que ele nasce.

Com a alta do hospital, voltamos para casa com um bebezinho no colo e tudo começa acontecer ao mesmo tempo: a recuperação da mãe, o impacto emocional causado pelo puerpério e a realidade de cuidar efetivamente de um bebê indefeso.

Dois conselhos eu te daria se você me pedisse: seja calma e seja organizada.

Os pais, em especial as mães, sentem culpa por achar que precisam saber tudo. Mas, por mais que se estude, não dá para incluir todos os bebês embaixo do mesmo guarda-chuva e é preciso tempo para conhecer o bebê que chegou.

A maternidade é uma relação personalíssima construída com o tempo. E esse tempo, de atenção e observação minuciosa para conhecer seu filho, será mais fácil de ser percorrido se todas as coisas na sua casa estiverem organizadas.

Por isso vale a pena preparar um check-list um mês antes da data prevista para a chegada do bebê, com itens como:

• Lavar todas as roupas, lençol e toalhas de banho do bebê com sabão suave que não contenha cloro;
• Passar as roupas e guardar setorizado nos armários;
• Arrumar o trocador e deixar à mão tudo que se precisará para as trocas do bebê: fraldas, bolas de algodão, tigela para colocar água morna, álcool 70% para a higienização do umbigo; loção hidratante, pomada de barreira, cesto de lixo e etc;
• Estocar o freezer com comida saudável e preparar uma lista com todos os itens de hortifruti que te agrada – assim, qualquer um pode ir às compras para você na véspera da sua volta do hospital, se necessário;
• Ter a mão, se possível, um aspirador de pó modelo vassoura. Isso facilitará manter a casa limpa de maneira simples e rápida.

OBS: Para evitar acúmulo de poeira, coloque o lençol no colchão do berço (ou carrinho) apenas no dia da alta do hospital.

Abra uma conta de e-mail para seu bebê

Quando a minha gestação da Catarina firmou, o Evandro abriu uma conta de e-mail para ela. O propósito é montar uma espécie de diário e entregar a senha para ela futuramente, talvez aos 15 anos.

Começamos com envios de e-mails acerca das expectativas, depois como era a rotina e hoje enviamos qualquer coisa que vale a pena ser registrado, como por exemplo: relato de como foi a primeira experiência gastronômica, como foi engatinhar, primeiras palavras e etc. 

O acervo acumulado ao longo dos anos resultará num histórico valioso tanto para ela como para toda a família e acredito que seja uma boa dica para você.

O Primeiro Banho

O primeiro banho do bebê ocorrerá no hospital.

Creio que vale a pena estudar e conversar com seu médico sobre o Vérnix.

O vérnix é uma camada branca e gordurosa que se forma entre as 18ª e 38º semanas de gestação e é composta por lipídeos e proteínas. Sua função é proteger o feto de eventuais bactérias que possam passar pelo líquido amniótico, manter a pele hidratada (já que o bebê cresce num ambiente molhado), evitar atrito contra o canal de parto e proteger o bebê da perda de calor.

Há estudos recentes que afirmam que o vérnix, após o nascimento, é benéfico para manter a hidratação da pele, para proteger contra possíveis infecções e até mesmo para regenerar a derme. A partir daí passou-se a desaconselhar o banho logo após o parto, como era comum acontecer antigamente.

Apenas em alguns casos a retirada imediata do vérnix após o parto é aconselhada – casos, por exemplo, de bebês provenientes de mães aidéticas ou com outros quadros de infecção.

Não sou da área médica e, portanto, não posso afirmar com propriedade as vantagens e desvantagem da manutenção temporária do vérnix no bebê, mas sugiro que, caso esteja grávida, converse com o obstetra sobre o assunto.

Sabonete

Do dia do nascimento até 28 dias após o parto, o bebê é considerado recém-nascido. Nesse período a pele é tão delicada que não dá para usar qualquer produto cosmético nela.

Por isso é aconselhável adquirir produtos específicos para essa fase (muitas marcas possuem linhas de produtos apropriados para a pele do recém-nascido). Eu optei por produtos da marca Souvie (indicação da dermatologista) e não tenho nada a reclamar.

Como segurar o bebê durante o banho

É comum as enfermeiras ensinar aos pais como dar banho no bebê.

Sugiro que filme este momento por 2 motivos: para registrar como recordação e para rever as imagens caso tenha dúvida depois.

A técnica que aprendi e apliquei com a Catarina foi a seguinte:

• Coloque água morna na banheira e teste a temperatura com seu pulso. Termômetros, além de desnecessários, podem falhar;
• Estenda sobre o trocador uma toalha de banho;
• Coloque o bebê sobre a toalha e cubra-o do pescoço até os pés, em formato de charuto;
• Segure o bebê embalado na toalha com a mão direita e com a mão esquerda lave a cabeça;
• Volte para o trocador e seque a cabeça do bebê. A touca da toalha de bebês serve para isso;
• Deixe a toalha aberta sobre o trocador e coloque o bebê na banheira para lavar o corpinho. (usar um apoiador para as costas e a cabeça ajuda muito).
• Para lavar as costas, apoie o peito do bebê no seu antebraço e  segure o bracinho com a mão de forma firme mas sem apertar;
• Terminado o banho, seque a pele com delicadeza e prossiga com a higienização do umbigo (feita com cotonete e álcool 70%), hidratação da pele e aplicação de pomada de barreira na genitália e bumbum.

O vídeo abaixo pode ajudar.

Mas caso você esteja grávida e ansiosa, tenho algo a te dizer. Existe algo biológico e mágico entre mãe e filho.

Um estudo observou que todas as mães têm um jeito parecido de segurar seu filho logo após o nascimento. Primeiro ela vai tocar seu bebê recém-nascido “apenas com as pontas dos dedos, acariciando e movendo com muito cuidado. Lenta, mas seguramente, enquanto se torna mais confortável, ela vai usar todos os dedos e, às vezes, pode apertá-lo. Finalmente, ela vai tocá-lo com a palma de sua mão […] . Após o primeiro encontro de uma mãe com seu bebê, ela não vai mais ter medo de pegá-lo, virá-lo ou baixá-lo. Ela vai saber como seu pequenininho se sente ao toque” (Plooij, Frans. As semanas mágicas, pág. 20).

Eu pude comprovar essa teoria. Quando meu sobrinho Daniel nasceu e eu fui trocar sua roupa, percebi que toda aquela destreza que eu tinha com a Catarina não funcionava com ele. Eu fiquei toda embananada e perdida. Faça o teste se puder, você vai perceber que a experiência de pegar outro bebê será completamente estranha e diferente – há uma falta de encaixe e demanda mais tempo para pegar o jeito.

Olho Torto 

Olhinhos tortos são totalmente esperados nos recém-nascidos – trata-se de uma condição fisiológica que se ajusta com o tempo.

Mas mesmo lendo isso é possível que você se desespere quando vir seu bebê com o olhar vesgo. Eu sabia dessa condição (porque tive 2 sobrinhos com estrabismo quando nasceram) e mesmo assim fiquei preocupada com o olho torto da Catarina.

Então …

O que posso te dizer, leitora querida, é: preocupe-se mas com moderação e se necessário converse com um médico para acalmar seu coração.

Amamentação

Algumas mulheres afirmam que a experiencia da amamentação foi um processo intuitivo guiado pela natureza. Nem todas têm essa sorte.

Amamentação só funciona se a tal da “pega” estiver correta. E se você nunca fez isso antes é provável que não saiba como proceder.

Consegui “amamentar” a Chinesi por 3 meses. Coloquei entre aspas porque tinha tão pouco leite que nunca bastou para uma satisfatória nutrição. Seja pela perda exorbitante de sangue que tive, seja pelo meu péssimo quadro emocional no pós-parto, nunca tive a quantidade mínima de leite de que ela necessitava.

Eu chorei muito por isso e me senti muito menor ao ver a enfermeira dando uma fórmula como primeiro alimento para ela.

Tentei de tudo: bebia 3 litros de água por dia, comia aveia, tomei Plasil, Equilid e tintura de algodoeiro, aluguei uma maquininha da Medela… não deu certo.

Hoje o que me conforma um pouco é que minha prima amada, Clarissa Zanetti de Lima Ferreira, médica pediatra neonatal muito competente, afirmou que em que pese meu leite não tenha cumprido sua função de nutrição, cumpriu a missão de transferir anticorpos e de aumentar a afetividade maternal.

O melhor caminho para amamentação é contar com a ajuda de alguém que realmente entenda do assunto: essa pessoa é uma Consultora de Amamentação.

As enfermeiras do hospital costumam prestar esse serviço ao modo delas. Minha experiência com a enfermagem do Hospital Ilha, nesse ponto, foi caótica. Cada uma que entrava falava uma coisa diferente e em vez de ajudar elas na verdade só complicaram ainda mais.

O médico obstetra que te acompanha pode ter alguma consultora para te indicar. Senão, digite do Google “consultora + amamentação + nome da sua cidade” que com certeza encontrará alguém disponível a te ajudar.

Se você mora em Florianópolis, posso indicar a @_silvia_rossetto (endereço no Instagram). Além de consultora de amamentação ela é Doula, Enfermeira Obstétrica e “Sua Melhor Amiga” – ela resolve 99% das dúvidas relacionadas com o bebê e ainda presta apoia emocional como poucas “best friends forever” são capazes de fornecer.

O Frio e o Calor

É importante anotar que a ciência já comprovou que os bebês não sentem mais frio que nós, adultos. É possível que eles sintam mais calor – já que o metabolismo deles é acelerado.

Por isso não sufoque seu bebê com roupas quentes e cobertores.

A regra mais fácil a seguir é: siga você, ou seja, se você está com uma blusa de calor, coloque uma blusa de calor também no bebê; se estiver com uma blusa de frio leve, faça assim com a criança e etc.

O Puerpério

Além da enxurrada de hormônios, a gravidez também altera a posição física de alguns órgãos. Depois do parto, as configurações originais precisam ser restabelecidas.

Esse período de restabelecimento do corpo feminino é chamado de Puerpério – momento em que haverá transformações fisiológicas, endocrinológicas (hormonais) e emocionais.

Emocionalmente, consigo lembrar de oscilações entre alegria e tristeza; euforia e desanimo. No meu caso, houve também um pouco de depressão.

Existem remédios para esse período que são seguros para os bebês amamentados com leite materno. Um deles, bastante prescrito em Santa Catarina, é o Equilid.

O Equilid é um antidepressivo cujo efeito colateral é aumentar a produção de leite – ou seja, é um remédio incrível (vendido com retenção da receita médica). Converse com o seu médico sobre ele.

Ademais, também ajuda conversar e estudar sobre o assunto – conhecimento traz confiança 😌.

Pai com ciúmes

É comum ouvirmos histórias de alguns pais que ficaram emburradinhos com a chegada do bebê.

A internet e as revistas sobre maternidade são cheia de artigos sobre esse assunto. Imagino que deva ser conteúdos com dicas sobre como contornar essa situação, ou tentar compreender a postura do pai que foi jogado de escanteio. Digo que imagino porque nunca tive saco para ler uma matéria sobre esse assunto, e pelo jeito nunca terei.

Assim, se esse é seu drama, infelizmente não posso te ajudar.

Eu tenho grande dificuldade de entender o sujeito que se tornou pai e entra em disputa com o bebê pela atenção da esposa. Ora, o camarada que não consegue dar um passo para trás e admirar sua mulher se tornando mãe tem, na minha opinião, presença totalmente dispensável.

Trata-se de um sujeito que precisa urgentemente de um sacode para amadurecer.

Evolução faz parte da raça humana e se você “pai ciumentinho” se julga humano, está na hora de correr em busca dessa evolução. Quem precisa de cuidados e atenção agora é o bebê e não você – que é um adulto por presunção, tendo em vista que conseguiu fazer uma criança.

 

A Privação do Sono

O intervalo de alimentação do recém nascido varia de 2/2 horas ou 3/3 horas. Depois de mamar, o bebê precisa ficar mais um pouquinho no colo, empezinho, para arrotar. Então, conferimos a fralda e pronto, podemos “dormir” até o próximo ciclo.

Não é sem motivo que as mães de recém nascidos (ou a grande maioria delas) passam o dia todo descabeladas e de pijama 😵.

Se a nova mãe precisar somar os cuidados do filho com os cuidados da casa, então a abstenção ao sono pode beirar os níveis de tortura.

Assim, não recuse ajuda. Salvo raras exceções as avós, as tias, as cunhadas e a melhor amiga são muito bem vindas nesse período.

Eu tive ajuda por 20 dias mais ou menos. Primeiro veio minha mãe, depois veio a minha irmã Milene, e a vida estava infinitamente melhor com elas aqui.

Quando a ajuda acabou eu me vi sozinha, com um recém-nascido e todos os afazeres da casa para executar. Sabe o que eu fiz? Apertei o f@da-se e priorizei só a Catarina.

Quando o Evandro voltava do trabalho, preparava um jantar simples com garantia de sobra para o almoço do dia seguinte; colocava as roupas na máquina de lavar e o Evandro estendia no varal, pouquíssimas roupas eram passadas; a limpeza da casa era toda feita com aspirador de pó modelo vassoura (que nem precisa ser montado). Nos finais de semanas cuidávamos das limpezas mais caprichadas, como o banheiro por exemplo.

Se você tem TOC de limpeza, mentaliza a informação abaixo como um mantra:

Tarefa doméstica nunca acaba – nunca, nunca, nunca.

Logo, não seja louca de privar-se das raras oportunidades de descanso para executar tarefas que são, por natureza, infindáveis.

Em 30 ou 40 dias, aproximadamente, um ritmo entre você e o bebê será estabelecido e uma nova rotina poderá ser implementada.

Portanto, relaxe afinal você acabou de ter um bebê. E se tiver que escolher entre lavar louça e dançar uma musiquinha com seu bebê no colo – escolha essa última opção, por favor.

Um abraço e até o post do segundo mês