A despensa da nossa casa

A despensa da nossa casa

Um dos pontos chaves para tornar mais fácil a rotina de cozinhar em casa é ter uma despensa abastecida.

Se garantirmos um armário preenchido com alimentos básicos certos, é sempre possível improvisar uma refeição saudável sem grandes planejamentos.

E isso é muito importante para a saúde dos nossos filhos e toda a nossa família.

Sobre a saúde, percebo que quanto mais eu estudo acerca de comidas mais me convenço que os problemas que enfrentamos na nossa geração advém, em grande parte, da comida industrializada que consumimos – como os tais fast-food.

Isso definitivamente não é bom nem para a saúde, nem para o paladar e nem para o nosso bolso, afinal comidas prontas e empacotadas são quase sempre muito calóricas, pouco nutritiva, cara (no Brasil) e com gosto de coisa velha.

E se a tentativa dos fast-food não deu certo, precisamos dar um passo para trás e cozinhar para nossos filhos, assim como faziam nossas avós, mas com algumas adaptações para otimizar nosso tempo tão escasso.

É uma tarefa que verdadeiramente vale a pena 🙂.

Ter uma despensa abastecida com itens básicos permite que façamos uma refeição de improviso.

Para a maioria de nós, ir ao supermercado todos os dias beira o impossível. Eu, por exemplo, se tivesse que ir às compras todas as vezes que fosse preparar uma refeição, por certo cozinharia bem menos.

A minha lista de alimentos básicos pode ser muito diferente da sua, a depender das coisas que sua família gosta de comer.

Vou compartilhar com vocês o que faço por aqui apenas a título de sugestão ou inspiração.

 

A despensa da nossa casa e os alimentos secos

Nessa categoria, sempre tenho arroz, feijão, massa e farinhas

 

Arroz:

Nunca vi uma pessoa gostar tanto de arroz quanto a Catarina. Tem dia que chega ser difícil convencê-la a comer outra coisa e isso é bem coisa de Chinês não é mesmo? 🤣

Tenho sempre um porte abastecido com arroz branco (agulhinha) para as refeições do dia a dia; arroz arbóreo para fazer risotos e arroz oriental – o consumo deste último é um hábito que veio com a introdução alimentar.

Não canso de dizer que o arroz oriental é muito apropriado para os bebês porque seus grãos são muito macios, além de resultar sempre em arroz empapado – o ideal para essa fase.

Arroz arbóreo é um atalho rápido para o jantar. Isso porque, com ele, é possível fazer uma refeição nutricionalmente completa numa única panela.

Adicione, no risoto, uma carne, alguns vegetais e ervilhas (leguminosa) e pronto – comida quente e gostosa para nossa família feita rapidamente e sem sujar muita louça.

Feijão:

Não somos comedores compulsivos de feijão, mas desde o nascimento da Catarina temos consumido quase que diariamente.

Isso porque o feijão é parte fundamental na formação de uma refeição nutricionalmente equilibrada e as crianças precisam dessa atenção já que estão em fase de intenso desenvolvimento.

Sou nascida em SP e por lá a preferência é pelo feijão carioca e talvez por isso seja o meu favorito também.

Fazer feijão é fácil, mas tem técnica, principalmente se for um bebê ou uma criança que o consumirá. Isso porque, quando preparado de maneira errada, tende a causar desconforto abdominal pelo excesso de gases.

Tem um artigo bem completo aqui no blog sobre todos os tipos de feijão e o respectivo modo de preparo. Vale a pena conferir para aproveitar toda variedade de que dispomos.

Ainda na categoria de feijão, nunca deixo minha casa desabastecida de lentilhas e ervilhas.

Sobre as ervilhas, costumo comprar a seca e a congelada. Ela combina com muitos pratos e garante a presença de leguminosas no prato.

Com relação a lentilhas, costumamos consumir de 3 formas: como sopa, ensopado e cozida com arroz.

  • Como sopa: para fazer, prepare um refogado de alho e cebola, cubra com água filtrada e adicione uma porção de lentilha e legumes de sua preferência. Cozinhe na panela de pressão por 15 minutos e no final sirva com pedaços de ovos cozidos e um fio de azeite de oliva;
  • Como ensopado: nessa versão ele substitui o feijão e é servido junto com o arroz branco. Cozinhe, na panela de pressão, lentilhas com pedaços de costelinha de porco defumada e temperos da sua preferência. Bastam 15 minutos para ficar pronto – contados depois que a panela começar a chiar. Não use sal nessa receita porque a costelinha é suficiente para salgar.
  • Cozida junto com o arroz: esse prato é famoso no mundo árabe, conhecido como Mjadra. Combina muito com um tempero chamado Zathar (relativamente fácil de achar nos mercados municipais) e cebola caramelizada.

Todas as receitas com lentilhas podem ser conferidas neste link 😉.

 

Massas

Macarrão, de modo geral, é uma comida bem infantil porque é difícil encontrar alguma criança que não goste.

Vale a pena e não custa mais investir em cortes atrativos para os olhinhos dos nossos filhos, tais como macarrão em forma de borboleta, letrinhas, rodinhas e etc. Se quiser rapidez compre cabelinho de anjo, que fica pronto nos mesmo três minutos do Miojo.

Se temos uma massa na despensa, temos metade de uma refeição pronta. Basta preparar um molho simples (que inclusive pode estar congelado) e adicionar alguma proteína, que pode ser desde um bifinho grelhado, uma lata de atum ou sardinha ou até mesmo uma porção de cogumelos em conserva.

Para as crianças, o mais indicado é a massa curta. Para os bebês, é necessário cozinhar um pouco mais que o recomendado na embalagem, porque para eles o ponto all dente não é apropriado.

 

Farinhas

Farinhas de trigo branca e integral, fubá, farinha de rosca e amido de milho.

Essas farinhas são básicas. Com elas conseguimos fazer bolos, tortas, carnes ou legumes empanados e etc.

Costumo comprar as farinhas no supermercado empacotadas em sacos plásticos. Se você compra em armazém, a granel, vale a dica de guardar as farinhas por uma semana no congelador para matar eventuais insetos, porque sim, nos alimentos secos como farinhas e cereais há insetos. Eles não costumam estar presentes nos pacotes, mas se você é muito encanado, faça essa pausa no congelador antes de guardar as farinhas nos recipientes e deixe para peneirar nos momentos de uso.

Não precisa torcer o nariz para essa notícia, encare o fato como sinônimo de comida nutritiva 😃.

 

Aveia

Gosto muito de aveia e por isso sou exagerada a ponto de manter 3 variações delas na despensa: farinha de aveia, aveia em flocos grandes e em flocos pequenos. Se fosse escolher apenas uma, teria flocos pequenos.

É possível fazer uma infinidade de receitas com aveia, mas há 2 que são frequentes na nossa casa: mingaus no café da manhã e panqueca no meio da tarde.

Ambas as receitas estão neste link.

 

Açúcar

Compro com frequência açúcar mascavo e açúcar cristal. Sempre há também um pote com açúcar branco para eventuais bolos.

Importante mencionar que a quantidade de açúcar a ser consumida por nossas crianças, no Brasil, pode ser drasticamente reduzida.

Você sabia que muitos estrangeiros não entendem como conseguimos comer doces tão açucarados?

Nosso paladar está tão viciado que mal percebemos que mais da metade do açúcar adicionado numa receita qualquer de bolo, por exemplo, pode ser descartado sem deixá-lo sem graça (faça um teste). É um exagero desnecessário e perigoso.

Sigo o entendimento de que nenhum alimento precisa ser banido quando usado com moderação, mas devo confessar que, quando o assunto é açúcar o controle não é fácil.

Já tenho enfrentado, quando escrevo este artigo, um dilema com a Chinesi. Ela já conheceu muitos doces e adora todos eles e para minha desilusão é comum ela chorar porque quer almoçar chocolates por exemplo.

Eis o maravilhoso mundo da internet – eu aposto que muita gente que me segue nas redes sociais ou que leu meu e-book sobre a introdução alimentar complementar pode imaginar que a Chinesi acorda comendo granola e dorme após degustar uma linda salada com grãos de quinoa.

A coisa não é bem assim. Somos apenas mais um dos mesmos que vive um dia após o outro tentando acertar na alimentação dos filhos.

Somos pais que lutam para criar nossa filha com saúde, mas também com razoabilidade, porque não queremos tornar nossa comida apenas uma ração nutritiva.

Há muito mais que nutrição num prato – há prazer especialmente. Esse valor não pode ser esquecido tampouco ignorado.

Minha proposta é seguir com vocês nessa jornada com parceria e sinceridade.

 

Gaveta de especiarias

Tenho uma pequena gaveta para especiarias em que guardo orégano desidratado, alho e cebola em pó, pimentas secas, pápricas, canela, cominho, açafrão, colorau, cardamomo etc.

A caixa de especiarias revela um pouco da nossa personalidade alimentar.

Não tenha medo de experimentar especiarias. Sendo natural, não há impedimento de adicionar nas refeições dos bebês – com cautela às picantes.

Especiarias secas nem sempre substituem as frescas, porque o sabor muda. Eu, por exemplo, prefiro orégano desidratado a fresco; já o manjericão e a salsinha precisam ser verdes já que os secos não têm gosto de nada.

Ter uma hortinha em casa com ervas que te agradam é altamente recomendado, seja pelo sabor agregado à comida, seja para o desenvolvimento das crianças.

Os bebês de 1 ano já podem participar dos cuidados das plantinhas, acompanhando os pais nos momentos da rega e da colheita. Aos 2 anos, o bebê já pode ser responsável por elas. Eu, por exemplo, expliquei para a Chinesi que as plantas bebem água e que é dever dela regar os vazinhos.

Compre um pequeno regador e ensine seu bebê a ser responsável com os cuidados das plantinhas. É bom para a planta, mas é melhor ainda para a criança, porque é um hábito encharcado de tantos ensinamentos que merece um post exclusivo só para esse assunto. Farei assim que possível 🙂.

Nessa gaveta posso mencionar, ainda, a presença do sal e do azeite de oliva.

Cozinhar com azeite de oliva é bom, mas outros óleos vegetais também cumprem muito bem o papel de agregar gordura à comida sem pesar no bolso. Se você precisa economizar, use o azeite de oliva apenas para as finalizações 🙂.

 

Das conservas

Conservas de atum, sardinha e cogumelos são proteínas de vida longa. São exemplos de alimentos processados.

Alimentos processados são comidas naturais preservadas por algum método (como cozimento, pasteurização, sal, açúcar e etc). O consumo desse tipo de comida por crianças é admitido, desde que seja com moderação.

Eles não se confundem com os ultraprocessados, que são comidas com aparência de alimento natural, mas sem nenhum nutriente.

A diferença entre eles é fácil de ser entendida quando usamos uma fruta como exemplo. O morango na feira é um alimento in natura; na lata é alimento processado; no suco de pacotinho é ultraprocessado, ou seja, é um pó com cheiro, cor e sabor de morango, mas sem qualquer nutriente natural da fruta – eventuais vitaminas presentes nesse tipo de suco foi adicionado artificialmente, na forma sintética.

Ninguém duvida que no mundo ideal é melhor consumir os alimentos na versão in natura/frescos, mas a realidade da mulher moderna mostra que alguns atalhos, às vezes, são necessários 🤹‍♂️🕐. Entendo que não há problema quando usado com moderação, principalmente quando o item processado é apenas um dos ingredientes da receita.

 

Dos legumes e das frutas

Casa que abriga bebês e crianças precisa estar abastecida com legumes e frutas.

Em casa, costumo comprar quase tudo que encontro no hortifruti para o consumo de 1 semana, com preferência aos alimentos da estação, que são naturalmente mais saborosos e mais baratos.

Fazer um cardápio de consumo de cada um deles e fixar na porta geladeira garante que tudo que foi comprado será comido. Fique à vontade se quiser usar um dos meus modelos de cardápio semanal – vá ali na página inicial do blog e acesse a janela “imprimíveis”.

Há 4 itens neste tópico que considero indispensável nas despensas da nossa casa: cebola, alho, batatas e limão.

Os livros que tenho lido indicam que a melhor maneira de armazenamento do alho, cebola e batata é dentro de uma caixa guardada num armário escuro, pertos das panelas.

Perto das panelas porque facilita o uso; no local escuro para impedir a germinação.

Na minha casa, contudo, não faço nem uma coisa nem outra e guardo tudo na geladeira, porque assim minha mãe sempre fez e assim me acostumei. Como você faz aí na sua casa? Me conte 🙃.

O alho e a cebola é a base dos refogados e os ingredientes principais para qualquer prato saboroso.

Salteie alho e cebola com azeite de oliva ou manteiga, adicione qualquer vegetal nessa panela e o sabor será ótimo.

O limão acrescenta equilíbrio aos sabores.

A batata, por sua vez, é a peça coringa para qualquer aperto. Se não tem nada fresco na despensa, mas tem batatas, dá para fazer um purê com lâminas de alho acompanhado de atum em lata, por exemplo. E se sua hortinha for um pouco maior que a minha e tiver alface ou qualquer outra folha para salada, então sua refeição improvisada será digna de 5 estrelas ⭐⭐⭐⭐⭐

 

Dos itens da geladeira

Mantenho leite, manteiga, queijo e ovos.

Importante anotar que margarina não é a mesma coisa que manteiga. Margarina é alimento ultraprocessado que deve ser evitado nas preparações culinária das crianças. Manteiga tem uso admitido, desde com moderação.

No que toca o leite, desde o escândalo da Parmalat, com leites contaminados com soda caustica, água oxigenada e formol, tomei certo ranço dos leites de caixas.

Hoje, com mais conhecimento, encontro outros motivos para abolir o consumo do leite de caixinha, mas de modo geral posso dizer que sigo a orientação que aconselha desconfiar das comidas que não estragam.

Em casa compro os leites frescos de saquinho e mantenho uma reserva dentro do congelador para aproximadamente uma semana– sai mais caro que os leites de caixa, mas o sabor é incomparável. Se você puder custear essa despesa extra, recomento a troca com firmeza.

 

Carnes

Esse é um item que não gosto de estocar, principalmente as carnes bovinas, porque não gosto do sabor das carnes congeladas.

Mantenho uma quantidade pequena de carne moída, cortes de frango com osso e algum peixe sem espinho.

Conclusão:

Com esses ingredientes é sempre possível improvisar um almoço simples e saudável para nossas crianças. Seja uma massa, um ovo mexido ou uma guloseima ocasional.

Ainda que você tenha pouco tempo, tenha em mente que se sua única opção for cozinhar uma massa e espalhar um pouco de queijo por cima, isso por certo será mais saudável que um jantar de fast food.

Você não precisa ser chef de cozinha para cozinhar para seus filhos, tampouco passar a noite toda em volta do fogão. Você só precisa criar o hábito, experimentar, aprender com os erros e ser destemida (o).

Cozinhar demanda apenas prática porque é o um tipo de tarefa que pode ser intuitiva – você come e sabe se está bom ou não.

Não ignoro as técnicas de culinária, mas elas não podem ser um empecilho para alguém tentar cozinhar.

Apenas tente.

Todas as técnicas que conheço e considerar relevante vou compartilhar com vocês neste blog, mas reconheço que ainda há muita coisa faltando por aqui – o site ainda é muito novo.

Por isso, me procure nas redes sociais e me mande um direct se precisar da minha ajuda para alguma dúvida. Eu ficarei muito feliz se conseguir te ajudar, mas ficarei mais feliz por saber que você está indo para a cozinha em favor da saúde da sua criança 😍.

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