Como fazer carnes para o bebê

COMO FAZER CARNES PARA O BEBÊ

Se você deseja uma resposta curta sobre como fazer carnes para o bebê, ela é: ofereça carnes muito bem cozidas, desfiadas e ensopadas.

Lembro-me com frescor na memória dos 6 meses de idade da Chinesi (hoje ela está com quase 4 anos). O primeiro alimento sólido que ela provou foi um morango. Não foi uma escolha minha – ela estava no colo da minha irmã, que comia a fruta, e de repente a Catarina puxou a mão da tia e experimentou a frutinha azeda, provando para todos que estava pronta para a introdução alimentar complementar.

Se o alimento inaugural tivesse sido escolhido por mim, por certo também seria uma fruta, mas não o morango – por conta da acidez.

Catarina não só escolheu o morango como seu primeiro alimento como gosta do seu sabor ácido até hoje.

O mesmo preconceito que tive com a acidez do morango, tive com as carnes. As conclusões dos meus pensamentos eram: como um bebê que até hoje só bebeu leite vai se adaptar a um alimento duro e fibroso como a carne?

Os bebês são muito mais capazes do que nós, adultos, pressupomos.

Depois que o médico pediatra que acompanha a criança autorizar a introdução alimentar complementar o consumo da carne está autorizado. É o que recomenda o Guia Alimentar para Menores de 2 anos, elaborado pelo Ministério da Saúde, que inclui no grupo das carnes o boi, as galinhas, os peixes, os frutos do mar e os ovos.

 

Qual a importância da carne na alimentação infantil?

Quando pensamos em carnes logo nos vem à mente a importância das proteínas.

Minha professora Maya Adam, da universidade de Stanford, compara as proteínas a blocos de construção de uma casa. Isso porque são elas (as proteínas) que, além de inúmeras funções, permitem a formação de músculos no nosso corpo – sustentando-o, como blocos num edifício.

Você pode concluir então que para um bebê, que cresce a todo vapor, a proteína tem importância indiscutível.

Não é possível explicar proteína sem citar aminoácidos – são conceitos que se misturam. Mas não me abandone por causa desses nomes técnicos, não pretendo transformar esse artigo numa aula de biologia – eu só quero que você entenda.

Proteína e aminoácidos são palavras que se misturam porque a proteína é formada a partir da combinação de 20 aminoácidos.

Nosso corpo é capaz de produzir sozinho alguns aminoácidos, mas há 9 tipos que nós não conseguimos produzir e por esse motivo são chamados de essenciais.

Os aminoácidos essenciais precisam ser inseridos no nosso corpo através da comida e os principais alimentos capazes de nos ajudar nesse reforço são as carnes e os laticínios (leite, queijo e iogurte). Fontes não animal também são eficazes como, por exemplo, as nozes, o tofu, o feijão e a lentilha.

O que é importante entender, e talvez seja essa a parte mais relevante desse artigo, é que enquanto a fonte animal (carnes e laticínios) fornece 100% dos aminoácidos essenciais (os 9 que não conseguimos produzir sozinhos), a fonte vegetal, isoladamente, é incompleta.

Então a dica de ouro para aqueles que optaram por não consumir carne é variar e combinar as diversas fontes de vegetais para (através da combinação) conseguir o conjunto completo de aminoácidos. O exemplo mais famoso dessa combinação é o arroz com o feijão.

Saiba como fazer arroz e feijão para ao bebê nos artigos inseridos nesse blog.

Dos 9 aminoácidos que nos são essenciais, o feijão tem 8 (lhe falta o aminoácido chamado metionina) e o arroz também tem 8 (lhe falta o aminoácido lisina). Ou seja, o que falta em um tem no outro – daí o casamento perfeito.

Você já deve ter percebido, portanto, que a cultura alimentar do Brasil é bastante saudável e que, para nós, não há necessidade de desespero para os dias em que seu filho encasqueta que não quer comer carne.

E se as carnes fornecem o conjunto completo dos aminoácidos que nos são essenciais e as fontes vegetais precisam de combinações (como o arroz com feijão), o ideal é que as famílias veganas consultem um nutricionista. Somente o profissional da área da nutrição tem capacidade para orientar a combinação e a dieta que melhor atende a demanda nutricional da criança em pleno crescimento e desenvolvimento.

 

Como deixar a carne deliciosa?

como fazer carnes para o bebê

Pense no cheiro e no sabor de uma pele crocante de frango assado.

O responsável pela transformação de uma pele de frango crua em lascas crocantes e douradas é, pasmem vocês, os aminoácidos – a grande estrela desse artigo.

O cheiro aromático e o sabor delicioso que advém de uma carne exposta ao calor é resultado da queima de açúcares e aminoácidos, numa reação que é chamada de Maillard.

A Reação de Maillard é a caramelização que se resulta da quebra de açúcares. De maneira simples, lembre-se da cor e do cheiro do açúcar no pote e na transformação que ocorre após ser derretido na panela – para o preparo de uma calda de pudim, por exemplo.

Seja assando biscoitos, seja assando carnes, o calor desnatura os aminoácidos e a magia de Maillard acontece.

Então a regra que eu gostaria que você guardasse é: para toda carne que for preparar para meu filho, garantirei que haja Reação de Maillard. Mesmo num ensopado isso é possível, dourando a carne antes de adicionar água.

A importância do cozimento prolongado:

Particularmente não é minha preferência, mas é bastante comum aos adultos que consomem carnes preferi-las mal passada. Essa não é uma opção para os bebês.

Por questões de segurança alimentar, toda carne servida a crianças exige cozimento prolongado. Isso garante a eliminação de bactérias, diminui o risco de intoxicação alimentar e garante maciez à carne – nitidamente importante para bebês que ainda nem sequer possui dentes.

Importante anotar também que é desaconselhado lavar as carnes, pois é o cozimento que garantirá a eliminação de eventuais bactérias. Além do mais, a prática de lavar as carnes contamina a superfície (como pia e bancada) e favorece a contaminação cruzadas com outros alimentos.

Eu tenho 3 artigos sobre segurança alimentar aqui no blog e você pode acessá-los se desejar ler mais sobre isso.  Os links são:

  1. Higiene na cozinha parte 1
  2. Higiene na cozinha parte 2
  3. Higiene na cozinha parte 3

Como servir carnes para o bebê?

A prática antiga de bater comida no liquidificador ficou no passado.

No começo seu bebê deve receber comida amassada com o garfo e à medida que for crescendo evoluímos para pedaços pequenos.

No caso das carnes de boi, podemos utilizar carne moída 2 (duas) vezes ou amassar com o garfo depois de cozidas – nesse caso, aconselho que seja desfiada numa tábua de carne porque a textura lisa dos pratos tende a manter as fibras grandes demais para o bebê.

Vamos então a algumas receitas com carnes (para o bebê e a família toda).

Como fazer carnes para o bebê: receitas.

Carne de boi cozida com legumes

como fazer carnes para o bebê

Ingredientes:

  • ½ xícara (chá) de azeite de oliva;
  • 1 cebola picada em cubos;
  • 5 dentes de alho amassado;
  • 1 kg de carne de panela em cubos (como acém, musculo, patinho etc);
  • 400 gr de batata cotada em cubos médios;
  • 2 cenouras cortadas em cubos médios;
  • 1 alho poró fatiado;
  • 2 ramos de salsinha separado talos de folhas;
  • 500 ml de água filtrada;
  • 1 colher (sopa) de colorau;
  • Sal e orégano a gosto.

Modo de fazer:

Numa panela de pressão, aqueça o azeite de oliva e doure a carne (Reação de Maillard).

Adicione o alho e a cebola e refogue mais um pouco – até tudo estar dourado.

Adicione o tomate e refogue mais;

Acrescente então o alho poró, os talos de salsinha picados, o sal, o colorau, o orégano e água. Tampe a panela e cozinhe por 25 minutos, contados depois que a panela pegar a pressão.

Adicione as batatas e as cenouras e cozinhe, sem pressão, até que tudo esteja macio.

Finalize com folhas de salsinha picadas finamente.

 

Refogadinho de frango desfiado

Receita em 2 (duas) etapas

Ingredientes para o caldo de frango:

  • 500 gr de frango com osso;
  • 1 litro de água filtrada;
  • 1 cenoura descascada e cortada a grosso modo;
  • 1 talo de salsão;
  • 1 talos de salsinha;
  • 1 ramo de tomilho;

Modo de fazer do caldo:

Refogue os cortes de frango com osso até dourar. Acrescente todos os demais ingredientes e cozinhe até que o frango esteja macio. Se usar panela de pressão o tempo de cozimento será de aproximadamente 20 minutos após pegar a pressão.

Separe a pele e os ossos da carne de frango cozida e desfie com garfo ou no processador de alimentos. Reserve

Coa o caldo de frango e reserve.

OBS: Veja aqui um artigo completo sobre como fazer caldos.

 

Ingredientes do refogadinho de frango:

  • 4 colheres (sopa) de azeite de oliva;
  • 3 dentes de alho socado;
  • 1 cebola média picada finamente;
  • 2 tomates sem pele triturado grosseiramente;
  • 150 ml do caldo de frango peneirado;
  • 500 gr de frango cozido e desfiado;
  • Sal, se autorizado pelo pediatra/nutricionista;
  • Orégano, sálvia e demais temperos a gosto;
  • 3 colheres (sopa) de farinha de trigo (aproximadamente).

 

Modo de fazer do refogadinho de frango:

Em uma panela, aqueça o azeite de oliva e doure o alho e a cebola. Junte o tomate e refogue mais um pouco.

Adicione todos os demais ingredientes e aguarde ferver.

Polvilhe a farinha de trigo e mexa até obter liga cremosa.

 

Moqueca de peixe

Ingredientes:

  • 4 postas de cação;
  • 2 tomates maduros e cortado em rodelas;
  • 1 cebola cortada em rodelas;
  • 1 pimentão cortado em rodelas (descarte as sementes);
  • Talos de coentro picado (pode trocar por talos de salsinha);
  • ¼ xícara (chá) de azeite de oliva;
  • 200 ml de leite de coco;
  • Sal (se autorizado pelo pediatra/nutricionista).

Modo de Fazer:

Dissolva o sal no leite de coco;

Numa panela grossa acomode camadas de cebola, tomate, pimentão e cação.

Salpique por cima os talos de coentro (ou salsinha).

Regue com o azeite de oliva e despeje o leite de coco.

Tampe a panela e cozinhe por 15 minutos.

Finalize com folhas picadas de coentro (ou salsinha)

OBS: se quiser usar azeite de dendê ao invés de azeite de oliva, bata o dendê com o leite de coco no liquidificador por 1 minuto – isso garante um caldo mais aveludado.

 

Costela de Porco com Batatas

Ingredientes:

  • 1 kg de costela de porco;
  • Suco de 1 limão;
  • 1 colher (sopa) de sal, se autorizado pelo pediatra/nutricionista;
  • 3 colheres (sopa) de azeite de oliva;
  • 1 e ½ xícara de caldo de carne caseiro;
  • 2 colheres (sopa) de purê de tomate;
  • Salsinha e cebolinha a gosto;
  • ½ kg de batata bolinha previamente cozidas com água e sal;
  • 1 colher (sopa) de manteiga.

Modo de Fazer:

Corte as costelas de porco nas juntas e tempere com o azeite de oliva, o limão e o sal. Deixe marinar por algumas horas na geladeira. Pode-se temperar de véspera.

Numa panela de pressão, doure as costelinhas temperadas e após a reação de Maillard acrescente o caldo de carne. Tampe a panela e deixe cozinhar por 30 minutos, contados a partir do momento em que a panela começar a chiar.

Retire do fogo, aguarde a pressão sair e abra a panela. Acrescente o purê de tomate e deixe ferver em fogo alto até que o molho da carne se torne levemente espesso.

Em outra panela, doure as batatas pré-cozidas com a manteiga. Polvilhe a salsinha e cebolinha sobre elas e sirva com a carne.

 

Por fim, se você tem em casa um bebê em fase de introdução alimentar, não deixe de conhecer meu livro sobre esse assunto. Nele há inúmeras lições e dicas de como se sair bem nessa fase que, sem dúvida, é especial e marcante para a família toda. Tenha acesso a ele por aqui.

Fiquem bem e até a próxima.

 

 

 

 

 

 

 

 

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